sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Timor em “Público”

O artigo do Pedro Rosa Mendes, que o Público publicou em 1ª página no dia em que o Primeiro-Ministro de Timor chega a Portugal em visita oficial, não podia ser mais inoportuno. Ele, jornalista, pelo artigo que escreveu e pelas meias-verdades que conta e pelas que deixa de contar, o Público, na pessoa do seu editor, que devia ter sensibilidade a este tipo de questões e ao impacto que estas possam causar sobretudo quando o Chefe de Estado se prepara para incentivar a banca portuguesa a investir em Timor. Se o objectivo do Pedro foi que o seu nome saísse do “anonimato” e se o objectivo do Público foi vender mais umas centenas de números, ambos deviam tê-lo alcançado.
Só me pergunto porque é que ele, Pedro, que vive por cá há cerca de dois anos, não escreveu sobre o resto das verdades, outras que possam ser construtivas.

É que dizer que Timor não tem uma série de condições de saneamento básicas é verdade mas também é verdade que já esteve bem pior do que está agora, o que quer dizer que ninguém adormeceu à sombra do coqueiro.

É que, indirectamente culpando o governo de Xanana, dizer que um survey revela que o índice de pobreza aumentou é verdade mas também é verdade que esse estudo se baseou nos anos entre 2002 e 2006, altura do Governo Transitório e do Governo de Mari Alkatiri.

É que dizer que Portugal “enterrou” milhões de euros na Cooperação e não tira proveito disso é verdade mas é verdade que os Australianos “enterraram” muito mais dinheiro que nós e estão a tirar o proveito máximo e se não tiram todo agora, irão fazê-lo mais tarde! Porque é que nós, portugueses, temos de ser “coitadinhos”? Somos sim “poucochinhos”. Não será melhor abrirmos os olhos e não ficarmos à espera que as coisas nos caiam do céu só porque o português é uma das línguas oficiais? Não será melhor começar (ainda que possa ser tarde) a trabalhar verdadeiramente? Talvez boa parte desse dinheiro da Cooperação Portuguesa fosse melhor utilizado se servisse para pagar bons ordenados a quem mostrasse trabalho e não a “qualquer um”.

Um bom exemplo disto é a nossa Embaixada. Para lá de ridícula, num edifício a cair de velho, de fazer vergonha a qualquer português que compare a “sua” com qualquer outra de outro país aqui representado. Em frente à minha casa, num terreno baldio virado para o mar e oferecido pelo Governo da altura, mora uma placa velha, de tanto “comida” pelo sol, onde ainda se nota “Futuras instalações da Embaixada de Portugal”. Diz quem sabe que está ali há pelo menos meia-dúzia de anos. Pois... não se gosta do projecto, manda-se para trás, pagam-se mais uns estudos, mais umas alterações mas acaba por não se deitar mãos-à-obra... muda o responsável, ainda não se gosta do projecto, mais uns estudos, mais umas alterações mas... ainda não é desta... e o resto nós conhecemos, afinal de contas continuamos portugueses, só mudamos de país!

Como diz um amigo meu, acho estranho que este jornalista, nos quase dois anos que vive em Timor, ainda não tenha descoberto nada de bom, não consiga apontar aspectos positivos.

Roma e Pavia não se fizeram num dia.
De maneiras que é assim... Vale o que vale!

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