Chama-se Hospital Guido Valadares e há quem lhe chame só Guido Valadares... não sei se por não lhe quererem chamar hospital!
Mas é o que temos e enquanto tivermos, menos mal...
Resultado de uma consulta na clínica portuguesa, fui obrigada a deslocar-me ao hospital para realizar um Rx ao tórax. Já me custava respirar mas quando lá cheguei não foi difícil suster a respiração... O tempo de espera não foi muito, felizmente. Talvez tivesse perdido mais tempo a tentar descobrir, entre o português e o meu parco tétum e as setas a apontarem para “nenhures”, onde é que tinha que me dirigir.
O tempo na sala de espera foi pouco mas suficiente para me virem as lágrimas aos olhos. Tínhamos crianças subnutridas que choravam baba e ranho (literalmente), tínhamos adultos que tossiam os pulmões, outros que suponho tivessem uma perna ou braço partido e também tínhamos outro que, meio desmaiado numa “maca” que não era mais do que uma chapa de zinco sem direito a lençol, aguardava que o sangue parasse de lhe jorrar da cabeça, provavelmente estaria à espera de um Rx para que não restassem dúvidas que se tratava de uma cabeça partida! Se calhar não consideravam urgente...
Todos estavam à minha frente mas eu fui chamada à frente de todos. É uma coisa recorrente aqui, mas por “culpa” dos timorenses. Sempre que há um malai, espera o menos possível na fila de onde quer que esteja. Como é meu hábito, disse ao sr. que me chamou, que havia pessoas antes de mim mas ele insistiu que eu entrasse e eu confesso que não voltei a insistir com ele.
Disse-me que tinha que entrar naquela sala, despir-me da cintura para cima, vestir a bata e ir ter com ele. Assim fiz, despi-me e agarrei na bata para vestir mas... não consegui. Lembram-se do post em que descrevia as camisas que estavam à disposição para tirar fotografias?! Agora imaginem o mesmo mas... com salpicos de sangue!
Claro que não ia conseguir vesti-la, nem por sombras... e tinha 2 hipóteses: ou saía nua ou não fazia o Rx se não houvesse outra bata. Voltei a vestir a minha camisa e saí de bata na ponta dos dedos na tentativa de explicar ao sr. que aquela não era uma bata que se apresentasse!! Felizmente ele percebeu, ou pelas minhas palavras e expressão ou por ter olhado para o estado da bata!
Lá me mandou colocar na posição que devia e colocar o queixo num encaixe, olhar para a frente e respirar fundo... E foi quando olhei para a frente e volto a ver uma “língua” de sangue na parede “branca” que pensei “respira fundo, mesmo que isso te doa horrores, quanto mais depressa respirares, mais depressa sais daqui”.
E só não saí a correr porque precisava de ter os pulmões a 100% para o fazer...
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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3 comentários:
e o que é que o Rx revelou?
Diz que poderia ser uma pleurisia (infecção da pleura). Havia qualquer coisa diferente num dos 2 pulmões... nada que um antibiótico e anti-inflamatório não curassem... ah, e uns dias sem fumar também deviam ter ajudado! obrigada ;)
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